Funcionamento da Mente
Pois bem.
Que tal um teste rápido?
Veja se consegue assinalar em qual coluna o conteúdo da linha pertente.
Masculino Feminino
__________ João __________
__________ Maria __________
__________ José __________
__________ Pedro __________
__________ Gabriel __________
__________ Mara __________
__________ Lucas __________
__________ Milene __________
__________ Elis __________
__________ Rodrigo __________
Creio que foi fácil relacionar, não? Acho que foi mais difícil fazer a tabela ficar alinhada do que resolver a relação das linhas com as colunas…
De qq forma, o teste acima era só um aquecimento. Vamos continuar. Tente agora fazer a mesma coisa com a tabela abaixo.
Masculino ou Feminino ou
Carreira Família
__________ João __________
__________ Empreender __________
__________ José __________
__________ Natal __________
__________ Pedro __________
__________ Capitalista __________
__________ Gabriel __________
__________ Casa __________
__________ Corporação __________
__________ Parentes __________
Creio que ficou um pouco mais complicado porém nada de assustar, não? A maioria deve ter realizado o relacionamento das linhas somente um pouco mais lentamente do que o teste anterior.
Vamos ao teste seguinte.
Masculino ou Feminino ou
Família Carreira
__________ Empreender __________
__________ José __________
__________ Parentes __________
__________ Churrasco __________
__________ Luis __________
__________ Capitalista __________
__________ Lucros __________
__________ Gabriel __________
__________ Casa __________
__________ Corporação __________
Notou a diferença?
Bom, o teste acima chama-se Teste de Associação Implícita (IAT, em inglês). Ele foi desenvolvido por Anthony G. Greenwald, Mahzarin Banaji e Brian Nosek para provar que a nossa mente faz conexões de forma muito mais rápida com associações já conhecidas para nós do que com pares de idéias que não nos são familiares.
Parece uma idéia básica, não? É óbvio que temos mais facilidade de relacionar coisas familiares porém o que mais é impactante neste teste é que, de certa forma, não temos controle sobre estas relações, como elas estão armazenadas e principalmente como elas se revelarão no nosso dia a dia.
Pois se eu perguntar a você qual é o sexo que está mais relacionado ao trabalho hoje em dia, você provavelemente responderá que ambos estão relacionados da mesma forma, principamente hoje em dia em que a mulher ocupa um espaço tão grande quanto o homem no mercado de trabalho.
Porém, não é o que revela o teste acima.
Isso significa que somos machistas?
Não necessariamente. O teste prova que temos, na realidade, dois níveis de atitudes: uma consciente (que escolhemos quando pensamos e damos uma resposta falada, por exemplo) e outra inconsciente (quando respondemos ao teste).
Este segundo modo é o assunto do livro Blink de Malcolm Glawell.
Ele explica como este segundo modo nos afeta diariamente, quando temos, por exemplo, aquela sensação positiva ou negativa quando conhecemos alguém, quando vemos alguma coisa que nos entristece ou alegra e, mais importante, ele nos ensina como podemos aproveitar mais este poderoso computador que temos e que, muitas vezes, assume o comando sem nos consultar.
Ele explica por exemplo como podemos reconhecer uma pessoa que vimos somente de relance (modo ativado) e ficamos paralisados quando vamos descrevê-la (modo desativado ou modo consciente ativado).
Você já imaginou a quantidade de informações que são processadas quando guardamos uma fisionomia ou quando tiramos determinada conclusão baseada somente observando uma pessoa?
Pois é, nosso computador faz isso numa fração de segundo automatica e paralelamente ao que estamos fazendo no momento.
Tudo isso o livro aborda de forma científica e com diversos exemplos instigantes e reais.
PS: Podemos fazer outros testes até mais interessantes e, eu acrescentaria, intrigantes, relacionando cores de pessoas com coisas boas ou ruins, por exemplo – o teste das raças. Este e outros testes podem ser realizados no site de Harvard (www.implicit.harvard.edu).
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